sexta-feira, 21 de maio de 2010

A Ilíada e a Odisseia de Homero


Homero
    A Ilíada é um poema épico grego que narra os acontecimentos ocorridos durante o décimo e último ano da Guerra de Troia e cuja génese radica na cólera de Aquiles, nome que quer dizer "sem lábios" porque no princípio não queria mamar do peito da mãe. O título da obra deriva de um outro nome grego para Troia, Ílion. A Ilíada e a Odisseia são atribuídas a Homero, século VIII a.C, que viveu na Jônia (lugar que hoje é uma região da Turquia), e constituem os mais antigos documentos literários gregos que chegaram aos nossos dias. A Ilíada é constituída por 15.693 versos em hexâmetro dactílico, que era a forma tradicional da poesia épica grega. Continha elementos do grego jônico, eólico e outros. Considera-se que tenha a sua origem na tradição oral e só muito mais tarde os versos foram compilados numa versão escrita, no século VI a.C. em Atenas. O poema foi então posteriormente dividido em 24 Cantos, divisão que persiste até hoje. A Ilíada influenciou a cultura clássica, sendo estudada e discutida na Grécia (onde era parte da educação básica) e, posteriormente, no Império Romano. A sua influência pode ser sentida nos autores clássicos, como na Eneida, de Virgílio. É considerada como a "obra fundadora" da literatura ocidental e uma das mais importantes da literatura mundial. A Ilíada ocorre durante o nono ano da guerra de Troia e trata da ira de Aquiles. A ira é causada por uma disputa entre Aquiles e Agamenon (este rouba-lhe a sua escrava favorita), comandante dos exércitos gregos, em Troia e consumada com a morte do herói troiano Heitor, domador de cavalos, terminando com seu funeral. Na Ilíada, a narrativa da Guerra de Troia é associada a reflexões sobre a vida do homem e sua relação com os deuses. A Odisséia conta as aventuras do herói Ulisses, no seu regresso a Ítaca.

    A guerra de Troia


Helena de Troia

    Os gregos acreditavam que a guerra de Troia era um facto histórico, ocorrido por volta de 1200 a.C. no período micênico. Até à descoberta do sítio arqueológico na Turquia, na Anatólia, pensava-se que Troia era uma cidade mitológica. A Guerra de Troia aconteceu quando os aqueus, actuais gregos, atacaram a cidade de Troia, procurando vingar o rapto de Helena, esposa do rei de Esparta, Menelau, irmão de Agamémnom. A lenda conta que a deusa (ninfa do mar) Tétis era desejada como esposa por Zeus. Prometeu profetizou que o filho da deusa seria maior que o seu pai. Então os deuses resolveram dá-la como esposa a Peleu, um mortal já idoso, intencionando com isso enfraquecer o filho, que seria apenas um humano. O filho de ambos é o guerreiro Aquiles. A sua mãe, visando fortalecer a sua natureza mortal, mergulhou-o, ainda bebé nas águas do rio Estige. As águas tornaram o herói invulnerável excepto no calcanhar por onde a mãe o segurou para o mergulhar no rio (daí a famosa expressão “calcanhar de Aquiles”, significando ponto vulnerável). Aquiles tornou-se o mais poderoso dos guerreiros, porém, ainda era mortal. Mais tarde, a sua mãe profetiza que ele poderá escolher entre dois destinos: lutar em Troia e alcançar a glória eterna mas morrer jovem ou permanecer em sua terra natal e ter uma longa vida, mas sendo logo esquecido. Ao casamento de Peleu e Tétis todos os deuses foram convidados menos Éris. Ofendida, a deusa compareceu invisível e deixou na mesa um pomo de ouro com a inscrição “à mais bela”. As deusas Hera, Atena e Afrodite disputaram o pomo e o título da mais bela. Zeus então ordenou que o príncipe troiano Páris resolvesse a disputa. Para ganhar o título de “mais bela” Atena ofereceu a Páris o poder na batalha. Páris deu o pomo a Afrodite, ganhando assim a sua proteção, porém atraindo o ódio das outras duas deusas contra si e contra Troia. A mulher mais bela do mundo era Helena, filha de Zeus e Leda. Leda era casada com Tíndaro, rei de Esparta. Helena possuía diversos pretendentes que incluíam muitos dos maiores heróis da Grécia e o seu pai adoptivo Tíndaro hesitava tomar uma decisão em favor de um deles temendo enfurecer os outros. Finalmente um dos pretendentes, Odisseu (cujo nome latino era Ulisses), rei de Ítaca, resolveu o impasse propondo que todos os pretendentes jurassem proteger Helena. Esta casou-se com Menelau, que se tornou o rei de Esparta. Quando Páris foi a Esparta em missão diplomática enamorou-se de Helena e ambos fugiram para Troia, enfurecendo Menelau. Este apelou aos antigos pretendentes de Helena, lembrando o juramento que haviam feito. Agamémnom então assumiu o comando de um exército de mil barcos e atravessou o Mar Egeu para atacar Troia. As naus gregas desembarcaram na praia próxima de Troia e iniciaram um cerco que duraria 10 anos, custando a vida a muitos heróis, de ambos os lados. Finalmente, seguindo um estratagema proposto por Odisseu, o famoso Cavalo de Troia, os gregos conseguiram invadir a cidade governada por Príamo e terminar a guerra. Como nota final, Aquiles matou Heitor. Páris vingou-se da morte do seu irmão. Disparou uma flecha fatal a Aquiles e acertou-lhe no ponto vulnerável, no seu calcanhar, graças à ajuda de Apolo. Do lado grego, o herói foi Aquiles. Do lado troiano, o herói foi Heitor. Morreram todos, excepto Ulisses.



    A Ilíada conta parte da história da Guerra de Troia. A Odisséia conta as aventuras do herói Odisseu ou Ulisses após o fim da mesma guerra. A Eneida conta mais uma parte da história dessa guerra, bem como a origem do povo latino a partir de Eneas de Troia. A Teogonia conta a origem do mundo e dos deuses. O Trabalho e os Dias conta a origem e a história da humanidade. A epopeia é a forma mais primitiva da poesia, presente nas mais variadas culturas. Há epopeias muito mais antigas do que as gregas, como é o caso de textos apócrifos hebraicos que foram compilados no Génesis bíblico; do Hamayana e do Mahabarata indianos ou da Epopeia De Gilgamesh, da cultura suméria, o mais antigo texto narrativo conhecido. Também existem epopeias tardias surgidas no período do Renascimento e ligadas à identidade cultural das novas nações européias. Dessas, merecem destaque A Divina Comédia, de Dante, escrita em italiano, que na sua primeira parte faz uma descrição do inferno baseada na mitologia grega e na mistura de elementos pagãos com a chamada história sagrada, ou bíblica e Os Lusíadas de Camões que conta a aventura de Vasco da Gama e dos navegantes lusitanos, tendo como pano de fundo mitológico uma imaginária disputa entre Baco (inimigo dos portugueses) e Venus (amiga dos portugueses).
     Abilio Francisco Conde